sexta-feira, 22 de março de 2013


A estratificação social brasileira vem sofrendo mudanças.

Em um panorama no qual seja feita a divisão da sociedade entre empresariado , trabalhadores sindicalizados , havendo ainda uma distancia de posicionamento entre urbanos e rurais , classe media , e o setor não participativo que inclui pessoas que poderiam estar entre os três outros setores citados anteriormente e boa ou maior parte dos que vem abandonando a linha da pobreza , as modificações se deram em  numero , prioridades e diferenças.

Começando pelo empresariado , neste setor incluo não somente os maiores empresários , as lideranças , com mais poder de investimento , maior faturamento , sustentável , diga-se de passagem , e com mais dinheiro , também os empresários que inclusive ainda estão na classe media porem os acompanham em pensamento , posicionamento politico e muitas vezes eleitoralmente.

A licitação de rodovias , aeroportos , ferrovias e portos marítimos antes sob administração do Estado sendo licitados a iniciativa privada , ação ou medida estrutural , encolhe o Estado , porem parte da iniciativa privada ou empresariado como vem sendo definido este grupo social reage com desconfiança e má vontade a novos investimentos e de certa forma a política do governo Dilma.

Ou seja fatos não estruturais como a mudança de um nome no comando de uma empresa , na qual o governo é majoritário , irradia ao empresariado um sentimento de desconforto ou quase intromissão , poderia dizer que legitimo como o do governo pois  este é majoritário , mas não estou avaliando méritos e sim consequências junto a um setor e como as ações subsequentes são afetadas , acompanhado de atrasos em investimentos sendo outros fatos os mais importantes para isto mas se juntando neste momento. 

Neste ponto entra o papel do conciliador , do político , e obvio Lula é o nome a ser discutido , tem qual importância , o desempenho do politico enquanto ator deste papel de apaziguador , bombeiro ou conciliador dos interesse dos diferentes setores , que tem diferente poder monetário , diferente numero de pessoas , diferente formas de ação politica e diferente capacidade de interferirem na vida pública.   

Escrevi que Dilma era  um upgrade de Lula , com maior ênfase na gerencia , na produtividade e com 6 anos de aprendizado e conhecimento sobre os que estava acontecendo e planejado para o país. Exatamente o que ela vem demonstrando , com instituições mais fortes , o fisiologismo encolhendo e a popularidade herdada , o raciocínio era que seria possível um maior atenção a gerencia e administração que a resolução de questões políticas e da sociedade civil organizada , tudo correndo dentro desta linha de raciocínio e o governo com bons índices dadas as condições mundiais atuais e popularidade em alta.

Dois anos de governo , e de fato a diminuição dos investimentos privados como um posicionamento mais distanciado do empresariado é a maior diferença politica para o governo Lula , gerado por mudanças menores , porem suficientes para haverem consequências ao país.

Dentro deste raciocínio qual passa a ser a importância de nomeando , Lula e sua habilidade politica e qual passa a ser o peso de uma gerente extremamente qualificada , no Brasil temos os dois , no primeiro governo a politica na presidência e a gerencia na Casa Civil , no segundo a gerencia na presidência e Lula na retaguarda.

Perda de espaço , não em tamanho mas em importância no quadro da vida nacional , as pequenas rupturas passam a ser uma bandeira politica que une parte deste setor designado como empresariado , temos um fato politico e a importância mais que o atual tensionamento é a possibilidade de avaliarmos o novo empresariado brasileiro. O quanto cresceu e quantos novas pessoas e com quais características hoje existem neste setor liderado pelos maiores empresários mas que atualmente tem uma cara nova da de quando começou o governo Lula.

Qual o tamanho e a capacidade de influenciar que suas lideranças avaliarão deste fato , a tensão não é grande , concessões foram feitas , investimentos ocorrerão , porem a um ensaio de manifestação de um setor da sociedade civil.

Junto a este fato temos a mudança na classe trabalhadora sindicalizada , atualmente a maior parte na classe media , voltada não mais para o confronto com o empregador como classe e sim para suas condições de trabalho , possibilidades de mercado , abrirem sua oficina , sua loja , e os aspectos do futuro de seus filhos , muito melhor , o que diminui o sentimento de insatisfação que pode gerar  o sentimento de se colocar a culpa no empregador , como também de participar nas questões políticas , partidárias e sindicais. As coisas melhoraram a emulação diminui.

Nenhum risco politico eleitoral, as lideranças , mais afeitas e intimas do neoliberalismo tucano e com capacidade de se associaram ao capital estrangeiro seriam os únicos beneficiados com a política tucana, porem irão tentar engajar ou convencer o restante da classe , as desvantagens e pouquíssimo apelo eleitoral da oposição tornam a possibilidade remota e menores ainda as chances eleitorais da oposição.

Mas o fato é que isto pode resultar ou ser um sinal de mudança da opinião pública , a sociedade mudou e podemos agora estar presenciando uma  manifestação de um novo setor desta  nova sociedade que influenciará a ações do governo , o raciocínio é que não muda o governo porem este sensível e responde a  manifestações da sociedade civil . Se houver um aumento de um setor e este souber se fazer representar , legitimamente , isto deve gerar consequências em emendas e  ações do governo , ainda que continuando o governo da coligação este passa a ter posições que mudam de acordo com a influencia da sociedade civil organizada , e podemos estar assistindo um momento histórico no qual a iniciativa privada , por enquanto principalmente as lideranças , passam  a almejar terem um papel e espaço maior após o período de predomínio dos movimento sociais. Dilma vem observando este fato e tratando , mesmo o fato envolvendo mais especificamente um setor do empresariado , este em seu todo , se referindo a classe a não encurtando o debate centralizando este grupo , citarei o setor naval e os pequenos empresários como opiniões diferenciadas sobre o governo,   ou seja atenta para o aumento deste setor que raciocina como empresário e que em algum momento se relacionará mais ativamente com o governo em seu todo.  

Afora interesses particulares ,  maior lucro , ou vaidades , condições que tornam menores a capacidade de pressão do empresariado , e não sendo uma pressão radical ou que gerará mudanças radicais ou estruturais , podemos ver a nuance ou formação de um novo empresariado e perguntar se ele seguirá a posição de suas lideranças , muito próximas da velha mídia , ou fará com que estas lideranças tenham um novo posicionamento garantido a unidade do setor e colocando os interesses do setor em primeiro lugar , não tentado direcionar o setor partidariamente para com isto elas lideranças almejarem lucros políticos setoriais.   As consequências serão maior credibilidade e respeitabilidade dos outros setores , desalinhamento com a politica internacionalista neoliberal da oposição e com a velha mídia , não colhendo os frutos do que esta plantou na ultima década , a partir dai ocupando um maior espaço , sem alinhamento político eleitoral prévio , se solidificando como sociedade civil organizada ao invés de escudeiros de um determinado partido , deixam de serem militantes partidários e se tornam marcos representativos dentro da sociedade.

Como os sindicatos dos trabalhadores , anteriormente basicamente cabos eleitorais do PT , hoje em dia representantes classistas , com credibilidade e sólidos na sociedade ,  com um engajamento prévio de seus filiados ao governo  muito mais pelo que é a oposição , sem adjetivos , do que por alinhamento com o governo ou um partido.

O empresariado antigo reduto da direita e com numero pequeno recebe o aporte do desenvolvimento econômico e social dos últimos dez anos , ensaia um ação politica , porem independente do resultado vemos um embrião de uma nova classe , os que chegaram não são o que se chamava de dinheiro antigo , cresceram e ganharam dinheiro com um governo progressista , por condições e capacidade de trabalho enriquecem e se tornam membros de uma nova categoria , e provavelmente modificarão o posicionamento público desta categoria como o quadro social brasileira conjuntamente com o desaparecimento do setor na extrema miséria e aumento da classe média.  Porem terão interesses diferentes dos de 10 anos atrás ,  o que assistiremos é o comportamento deste setor , tamanho e posicionamento público desta categoria , se serão cada vez mais frequentes e de que forma serão , se haverá unidade , ou será um simples combate de interesses com o governo por parte das lideranças.

Para encerrar um raciocínio ainda incompleto citarei o setor da construção naval , quase fechando as portas no governo anterior e hoje bombando , os pequenos empresários que surgiram em todo o país os quais não foi ainda possível avaliar seu posicionamento e o os efeitos do Embrapi lançado pelo governo.

Mais pessoas pensando como empresários , mais pessoas como empregadores , mais pessoas com diplomas , menos pessoas na miséria e temos um anova sociedade brasileira , fato observado pelo governo com a indicação de Dilma , sua eleição e atuação e forma como a presidenta vem gerenciando esta nova sociedade.

Havia esta expectativa de quando e como estes setores que foram encorpados e com menos resistência do restante da sociedade iriam se manifestar , e de que forma e respondendo a quais lideranças , mas este pequeno tensionamento entre setores da iniciativa privada , alguns empresários e investidores ,  pode ser o inicio de uma maior participação desta categoria na vida pública e mesmo política partidária , talvez mudem os partidos , o BNDS , as exigências quanto ao Estado , atuação partidária , difícil prever

Um novo quadro de sociedade , que deverá atuar de forma menos barulhenta que os movimentos sindicais , sem bandeiras como a miséria , soberania , ou deste quilate levando a sociedade brasileira a novos tempos e formas de resolução dos diferentes interesses dos setores desta sociedade. Uma obra arte nova , um filme espetacular , uma nova tecnologia  , para quem gosta de politica social é a situação que temos no Brasil. O choque é quando vemos  estas discussões e as comparamos ao noticiário da velha mídia nas últimas décadas , o atraso , a burrice , a desinformação , a manipulação , são enormes os estragos que a velha mídia , tudo que a envolve , causa a uma nação.

Um novo panorama social e os novos fatos que surgirão como mudança de comportamento público de seus setores e consequências nos governos que serão eleitos , legislação , aspectos culturais e em todas as áreas .

Difícil imaginarmos a velha mídia participando este debate , mas mesmo os blogs sujos ou progressistas podem observar a mudança de importância dos assuntos nacionais , candidaturas de fulano ou beltrano como as quem vem ocorrendo , um impasse em licitações , um PIB menor , talvez não sejam os fatos estruturais ou mais importantes neste momento para o país , e sim o começo da modificações sociais que o plano de governo em andamento nos últimos dez anos , Santayana escreve em seu texto sobre isto , geraram.  

 

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